Cai o pano sem surpresas

In Noticias, Sistema político by PSTBS12378sxedeOPCH

A mulher do líder político chinês caído em desgraça Bo Xilai foi ontem condenada por um tribunal da cidade chinesa de Hefei a pena de morte suspensa, pelo homicídio de um empresário britânico.


A condenação à pena de morte suspensa na China permite comutar a pena máxima por prisão perpétua, se for revelado bom comportamento durante um período determinado.

Gu Kailai, de 53 anos, conhecida advogada, membro da aristocracia comunista chinesa e filha de um dos fundadores da China comunista, enfrentou no dia 9 um julgamento de apenas um dia, a par do seu assistente Zhang Xiaojun, ontem também condenado a nove anos de prisão.

De acordo com a imprensa oficial chinesa, Gu confessou durante o seu julgamento ter matado o empresário britânico Neil Heywood, de 41 anos, que tinha negócios com a família, em Novembro na cidade de Chongqing, atribuindo as suas acções a um esgotamento.

Gu terá matado o britânico depois de uma discussão sobre dinheiro e, segundo a agência oficial chinesa Xinhua, depois de ele ter ameaçado o filho do casal, Bo Guagua.

Bo Xilai liderava o Partido Comunista chinês em Chongqing até ter sido destituído, em Março, por “alegadas irregularidades”, sem as autoridades chinesas relacionarem esta decisão com o caso que envolve a sua mulher.

Este é o maior escândalo político da China nos últimos anos.

Na China, 98 por cento dos julgamentos dão o acusado como culpado e o crime de homicídio é um dos 55 que leva à pena de morte.

 

Britânicos satisfeitos

Depois da condenação de Gu Kailai, a embaixada da Grã-Bretanha em Pequim felicitou a investigação à morte do empresário britânico. “Felicitamos o facto de as autoridades chinesas terem investigado a morte de Neil Heywood e de terem julgado os que foram identificados como responsáveis”, refere a embaixada em comunicado.

A mesma nota salienta que a representação diplomática britânica em Pequim “manifestou constantemente às autoridades chinesas o desejo de ver aplicadas as normas internacionais dos direitos humanos neste caso, bem como o desejo de que a pena de morte não fosse aplicada”.

De acordo com a agência oficial chinesa Xinhua, Neywood deslocou-se de Pequim, em Novembro do ano passado, a um hotel nas imediações de Chongqing a convite de Gu, que lhe ofereceu vinho. Depois de se sentir mal, o empresário vomitou e a mulher de Bo Xilai deu-lhe a beber uma garrafa de água em que estava diluído veneno.

 

Outros condenados

O caso tornou-se público quando, em Fevereiro, o ex-chefe da polícia de Chongqing e braço direito de Bo Xilai, Wang Lijun, pediu asilo no consulado dos Estados Unidos em Chengdu.

Wang deverá ser julgado em breve por traição, também no âmbito do caso da morte de Heywood.

Quatro agentes da polícia chinesa foram também ontem condenados a penas entre cinco e 11 anos de prisão por terem encoberto a morte do empresário britânico para proteger a mulher de Bo Xilai.

Os quatro – Guo Weiguo, Li Yang, Wang Pengfei e Wang Zhi – exerciam funções em Chongqing e foram condenados por terem tentado fazer valer a tese de morte acidental, informou um porta-voz do tribunal de Hefei, Tang Yigan, aos jornalistas.