Os pró-democratas vão manter o poder de veto na próxima legislatura em Hong Kong, depois de conquistarem 27 dos 70 lugares do hemiciclo, contra 43 dos partidos pró-Pequim, foi ontem anunciado.
Os resultados completos anunciados a meio da tarde de ontem em Hong Kong atribuem ao principal partido pró-Pequim, a Aliança Democrática para a Melhoria e Progresso de Hong Kong (DAB), a vitória nas eleições para o Conselho Legislativo, ao eleger 13 membros do hemiciclo na legislatura 2012-2016.
O Partido Democrático é referido como o maior derrotado ao perder dois assentos na votação realizada no domingo.
Em consequência do fraco desempenho na eleição para o Conselho Legislativo, o presidente do Partido Democrático, Albert Ho, demitiu-se ontem de manhã, ainda antes de serem conhecidos os resultados finais.
Albert Ho, assumiu a “total responsabilidade pelo fracasso” eleitoral na votação para o Conselho Legislativo, num resultado atribuído à divisão da ala pró-democrática. “Tenho de assumir a total responsabilidade política pelo fracasso nesta eleição enquanto presidente do Partido Democrático”, disse ontem em conferência de imprensa.
O presidente do Partido Democrático, que conquistou um lugar de deputado na actual eleição, atribuiu o fraco desempenho na votação de domingo à divisão no campo pró-democrático e à popularidade dos candidatos radicais. “Nos meses recentes, o público foi ficando impaciente e cada vez mais zangado com o actual governo.”
Apesar da derrota, o pró-democrata considerou que a actual eleição envia uma mensagem clara ao governo de que a população apoia a verdadeira democracia.
“Muitos eleitores decidiram escolher algumas pessoas que desempenham um papel mais agressivo no Conselho Legislativo.”
Educação Nacional
O Partido Democrático conquistou apenas quatro lugares do futuro hemiciclo, que será composto por 70 deputados.
O grande vencedor das eleições foi o partido pró-Pequim, a Aliança Democrática para a Melhoria e Progresso de Hong Kong (DAB), ao conquistar 13 lugares no hemiciclo.
O Partido Cívico, do campo pró-democrático será a segunda maior força política na próxima legislatura, com cinco deputados.
As últimas semanas em Hong Kong ficaram marcadas por protestos de milhares de pessoas em relação à política de Educação Nacional, cujo plano de obrigatoriedade nas escolas acabou por ser abandonado pelo executivo na noite de sábado, nas vésperas das eleições.
Além dos protestos contra a política de educação, questões relacionadas com a corrupção, o fosso entre ricos e pobres, os elevados preços dos imóveis e os congestionamentos e as dificuldades em lidar com o influxo de milhões de turistas do interior da China intensificaram as tensões no território.
Grande adesão
A votação confere, no entanto, ao campo pró-democrático a “minoria crítica” (mínimo de 24 assentos) necessária para vetar alterações constitucionais numa altura em que se aproxima o debate sobre a introdução do sufrágio universal durante os quatro anos da próxima legislatura.
Foi estimada uma votação-recorde de cerca de 53% dos 3,4 milhões de eleitores registados, com uma adesão às urnas superior em quase 8% em relação à eleição anterior para o Conselho Legislativo, em 2008.
Analistas consideram que o complicado sistema eleitoral de Hong Kong cria dificuldades ao bloco democrático para traduzir o forte apoio do público com vista à plena democracia no poder legislativo.
Na actual eleição para o Conselho Legislativo, 35 deputados foram eleitos directamente pela população e outros 35 pela via indirecta, através dos sectores corporativos, que representam os interesses de várias classes profissionais, desde os negócios à indústria e comércio, educação e cultura, entre outros.
A próxima legislatura tem início a 1 de Outubro.