Quase seis milhões de chineses suicidaram-se nas duas últimas décadas, num “grande problema de saúde pública” que atinge sobretudo as mulheres das zonas rurais, indicam estatísticas citadas ontem pelo jornal China Daily.
“É um grande problema de saúde pública na China, que afecta significativamente o desenvolvimento social e económico e requer uma especial atenção do governo e do conjunto da sociedade”, alertou o psiquiatria Li Xianyun, director adjunto do Centro de Estudo e Prevenção do Suicídio de Pequim.
Pelas contas daquele Centro, todos os anos, desde 1991, há cerca de 287.000 de suicídios na China e mais de dois milhões de pessoas tentam suicidar-se.
A taxa de suicídios tem vindo a baixar, mas continua a ser a principal causa de morte entre as pessoas dos 15 aos 34 anos de idade, refere o China Daily.
Dados recolhidos pelo Centro de Estudo e Prevenção do Suicídio de Pequim mostram que a incidência do suicídio nas zonas rurais, onde quase metade da população ainda vive, é três vezes superior à das áreas urbanas e que as mulheres têm mais tendência a suicidar-se do que os homens.
Transformação rápida
Também nas duas últimas décadas, a economia chinesa cresceu em média quase 10% ao ano, sendo hoje a segunda maior do mundo, logo a seguir aos Estados Unidos. “A China está num período de rápida transformação em que temos muitas contradições e conflitos”, comentou um professor ouvido pelo China Daily. “As consciências sociais tendem a ser subestimados e menos observadas, sobretudo quando as sociedades estão obcecadas com lucros. Os valores espirituais das pessoas são talvez ignorados.”
Segundo Li Xianyun, “a percentagem da população com tendências suicidas é ainda muito alta”, mas o país “carece” de recursos médicos adequados. “A China tem uma grande carência de instituições e profissionais com capacidade para prestar serviços preventivos nesta área da saúde pública.”