Olhar a China pelos Livros Coordenação de Jorge Tavares da Silva

In Publicaciones, Secciones by Xulio Ríos

Numa edição conjunta do Centro Científico e Cultural de Macau, em Lisboa, e da Universidade de Macau, será lançado no próximo dia 29 de Junho, às 17 horas, no Centro Científico e Cultural de Macau, Rua da Junqueira, 30, em Lisboa, o livro Olhar a China pelos Livros, coordenado por Jorge Tavares da Silva, que conta com a participação dos seguintes autores: Ana Cristina Alves, António Caeiro, António Graça de Abreu, Carlos Rodrigues, Carmen Lícia Palazzo, Cláudia Ribeiro, Cristina Zhou, Francisco José Leandro, Jiawei Xing, Jorge Tavares da Silva, José Duarte de Jesus, Luís Lavrador, Miguel de Senna Fernandes, Paulo Roberto de Almeida, Ran Mai, Ruirui Sun, Sun Lam e Xulio Ríos.

Como refere Jorge Tavares da Silva no prefácio: 

A China é uma erupção civilizacional trespassada por múltiplas dimensões espaciais, sociais e culturais. Olhá-la representa sempre um processo inacabado, contagiado por perceções subjetivas e contradições. A certeza da incerteza, a angústia do incompreendido são algumas das dimensões que a tornam aliciante na prática da decifração. O estímulo levou a que, ao longo dos séculos, muitos autores se dedicassem a escrever sobre esta terra, as suas gentes, o pensamento e comportamento coletivo, os usos e costumes. São estas obras, as clássicas e as modernas, entre a ficção e o ensaio, a prosa e a poesia, que aqui olhamos, num exercício de confrontação entre uma China sonhada e uma China vivida. Foi lançado o repto a dezassete autores para que escrevessem sobre a “sua China”, em sintonia, ou confrontação, com a China exposta em obras de referência. Desafiando as advertências do Orientalismo, de Edward Said, procura-se explorar a dialética dos olhares, entre chineses e não chineses, tanto no centro como na periferia, de uma geografia intrincada. Não é um compêndio sobre livros da China, mas uma publicação sobre imagens, apreensões ou emoções vivenciadas no Império do Meio. Trata-se de uma tentativa de correspondência, entre duas perceções, de uma mesma realidade, confrontando o prisma de quem a olhou, com a visão de quem a está a olhar. O desafio faz-nos lembrar as experiências do francês A.D., na China, e do chinês Ling W.Y., na Europa. Estas personagens, nascidas da escrita fina de Malraux, sujeitaram-se ao embate da cultura do “outro”, e, assim, exprimiram por correspondência os palpites da alma com laivos de imaginação.