Chibérica: Portugal y España ante China Jorge Tavares y Xulio Ríos son editores de “Chibérica” (Popular, Madrid, 2023).

In Análisis, Política exterior by Xulio Ríos

En relación a China, Portugal y España comparten unos significativos mimbres similares. De una parte, una relación histórica que constituye un sólido pilar de la relación bilateral. Por otra, China es, en ambos casos, un socio económico destacado ya nos refiramos al intercambio comercial o a las inversiones, incluyendo los problemas estructurales de la relación. Asimismo, en lo político, la cercanía se mantiene en niveles aceptables a pesar de lo desfavorable de la coyuntura global reciente. Y, en general, subsiste una relación bastante tejida que se refleja en la persistencia de una asociación estratégica que asegura la fluidez del diálogo y de los intercambios a todos los niveles.

Hay matices también que aportan una singular relevancia. Portugal, por ejemplo, ha firmado el memorando de adhesión a la Iniciativa de la Franja y la Ruta. España, no. Ambos, sin embargo, son miembros del Banco Asiático de Inversión en Infraestructuras. Por otra parte, en los dos universos geolingüísticos asociados a Portugal y España, China mantiene la pertinencia de Portugal en el Forum Macau mientras opta por una relación sin intermediación con los países latinoamericanos de habla española.

En la Unión Europa, Portugal y España se han caracterizado por apoyar la definición de una mayor autonomía estratégica, al tiempo que postulan una posición predominantemente constructiva en la caracterización de la relación con China.

En el momento internacional actual, con la ponderación en curso de las tensiones entre EEUU y Occidente con el gigante asiático, tanto Madrid como Lisboa, sin desmarcarse de la tendencia general, han apostado también por la prudencia en la gestión de los matices en la relación con Beijing.

A su vez, China contempla a ambos países como un socio cooperativo de importancia. La relación se ha fortalecido con la crisis financiera y no se ha resentido ni con la pandemia de Covid-19 ni tampoco con la respuesta a la crisis provocada por la guerra de Ucrania.

Por otra parte, en paralelo, en los últimos años, un iberismo pragmático ha adquirido carta de naturaleza en la relación hispano-portuguesa. Así se desprende de la plasmación de opciones compartidas en el contexto de la UE ya nos refiramos a asuntos trascendentales como los fondos de recuperación pos-pandemia, la energía o el Midcat.

¿Pueden ser las sinergias en relación a China un asunto a explorar para optimizar la relación de cada parte con el gigante asiático e incluso hacer valer una posición propia en el ámbito comunitario?

En los últimos lustros, China ha crecido como objeto de estudio en nuestras respectivas academias y sociedades. Disponemos de una mayor oferta formativa y contamos con un elenco de especialistas que aportan una masa crítica capaz de proveer crédito a nuestros actores sociales e institucionales en su relación con China.

Consideramos, por tanto, que se dan las condiciones idóneas para hablar de “Chibérica”. Con ello sugerimos un acercamiento bilateral que complemente la vinculación con otras trayectorias geoculturales de nuestro entorno en relación a China. Sugerimos la vertebración de un discurso propio que solo puede construirse a través de un mayor relacionamiento entre la sinología hispana y portuguesa a través de los mecanismos al uso.

China es hoy parte sustancial de la agenda política de ambos países. Esa vecindad tantas veces olvidada aconsejaría más diálogo bilateral para concretar una hoja de ruta que nos permita ganar peso específico en Europa en función de nuestros propios intereses. No se trata solo de adaptarnos a las nuevas tendencias, a menudo auspiciadas mayormente por terceros de más tonelaje político, sino de influir, tomar parte activa y compartida en su definición. Es el momento.

Jorge Tavares y Xulio Ríos son editores de “Chibérica” (Popular, Madrid, 2023).

Portugal e Espanha perante a China

Jorge Tavares e Xulio Rios

Em relação à China, Portugal e Espanha partilham valores significativamente semelhantes. Por um lado, uma relação histórica que constitui um pilar sólido da relação bilateral. Por outro lado, a China é, em ambos os casos, um parceiro econômico de destaque, quer se trate de intercâmbio comercial ou de investimentos, incluindo os problemas estruturais do relacionamento. Da mesma forma, politicamente, a proximidade permanece em níveis aceitáveis, apesar da recente situação global desfavorável. E, em geral, permanece uma relação bastante bem tecida que se reflete na persistência de uma parceria estratégica que garante a fluidez do diálogo e dos intercâmbios a todos os níveis.

Existem também nuances que proporcionam uma relevância singular. Portugal, por exemplo, assinou o memorando de adesão à Iniciativa Cinturão e Rota. Espanha, não. Ambos, no entanto, são membros do Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas. Por outro lado, nos dois universos geolinguísticos associados a Portugal e Espanha, a China mantém a relevância de Portugal no Fórum Macau ao mesmo tempo que opta por uma relação sem intermediação com os países latino-americanos de língua espanhola.

Na União Europeia, Portugal e Espanha têm-se caracterizado por apoiar a definição de uma maior autonomia estratégica, ao mesmo tempo que postulam uma posição predominantemente construtiva na caracterização da relação com a China.

No atual momento internacional, com a constante consideração das tensões entre os EUA e o Ocidente com o gigante asiático, tanto Madrid como Lisboa, sem se distanciarem da tendência geral, também optaram pela prudência na gestão das nuances da relação com os dois países. Pequim.

Por sua vez, a China vê ambos os países como um importante parceiro cooperativo. A relação foi fortalecida pela crise financeira e não sofreu nem com a pandemia de Covid-19 nem com a resposta à crise causada pela guerra na Ucrânia.

Por outro lado, paralelamente, nos últimos anos, um iberismo pragmático tornou-se parte da relação hispano-portuguesa. Isto fica claro na expressão de opções partilhadas no contexto da UE, quer nos refiramos a questões transcendentais como os fundos de recuperação pós-pandemia, a energia ou o Midcat.

Poderiam as sinergias em relação à China ser uma questão a explorar para otimizar a relação de cada parte com o gigante asiático e até afirmar a sua própria posição a nível comunitário?

Nas últimas décadas, a China cresceu como objeto de estudo nas nossas respectivas academias e sociedades. Temos uma maior oferta formativa e contamos com um elenco de especialistas que proporcionam uma massa crítica capaz de creditar os nossos atores sociais e institucionais na sua relação com a China.

Consideramos, portanto, que existem as condições ideais para falar de “Chibérica”. Com isto sugerimos uma abordagem bilateral que complemente a ligação com outras trajetórias geoculturais do nosso ambiente em relação à China. Sugerimos a estruturação do nosso próprio discurso que só pode ser construído através de uma maior relação entre a sinología hispânica e portuguesa através dos mecanismos em uso.

A China é hoje uma parte substancial da agenda política de ambos os países. Esta vizinhança tantas vezes esquecida recomendaria mais diálogo bilateral para especificar um roteiro que nos permita ganhar peso específico na Europa com base nos nossos próprios interesses. Não se trata apenas de se adaptar às novas tendências, muitas vezes patrocinadas maioritariamente por terceiros com maior influência política, mas de influenciar, assumindo um papel activo e partilhado na sua definição. É o momento.

(La Vanguardia, El Mundo, Diario El Correo; en galego, en Faro de Vigo)